Há uns dois anos ou mais a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) lançou a Campanha “A Sociedade Contra o Preconceito”, juntamente com outras entidades, envolvendo todos os tipos. Dentro desta campanha está o PLS 236/2012 que torna a Psicofobia (atitudes preconceituosas e discriminatórias contra os deficientes e os portadores transtornos mentais) um crime.

O termo doença mental tem, infelizmente, ainda um sentido pejorativo, por “ignorância” e falta de informação da sociedade.

Erroneamente, os conceitos de doenças mentais são ainda associados às pessoas violentas, agressivas, incapazes, “tolinhas”, ou que fogem aos padrões que seriam considerados “aceitos” no contexto social. A doença mental é, atualmente, extremamente comum.

Há estudos em desenvolvimento, com objetivo e interesse de conhecer a evolução dos diagnósticos, assim como, tratamentos, ferramentas e cuidados, para minimizar o sofrimento dos portadores de doenças mentais.  Estes profissionais podem ou não estar diretamente ligados a saúde mental, estudam, pesquisam e trabalham, com intenção de tirar da mesma, o estigma ou o rótulo que a acompanham há tantos anos.                                                                                 Infelizmente a sociedade os vê como sujeitos incapazes e por muitas vezes devido à má informação, como um anormal, inútil ou improdutivo, estando incapaz de exercer as tarefas diárias, e sendo então, mal visto pela mesma.

A doença mental é hoje definida e estudada por profissionais com métodos e rigor científicos. O desenvolvimento de critérios de diagnóstico de doença mental dos manuais da Associação Americana de Psiquiatria ou da Organização Mundial de Saúde vieram definir e orientar, do ponto de vista clínico, uma uniformidade de conceitos sobre o que é ou não a doença mental.

Os psiquiatras e outros profissionais de saúde mental têm hoje critérios de diagnóstico, métodos de intervenção e terapêuticas fundamentados em estudos científicos.

A procura de um serviço de saúde mental não significa necessariamente que se está ligada a saúde menta. Segundo os critérios clínicos, pode significar um sofrimento emocional, ou dificuldades relacionais, bem como preocupação excessiva com aspectos profissionais e pessoais, por exemplo.

As pessoas não adoecem porque querem ou escolhem, assim como, também não melhoram apenas com a vontade e desejo pessoal. O sujeito com doença mental necessita de tratamento como qualquer outra pessoa que sofra de diabetes, câncer ou hipertensão arterial.

A doença mental deve ser trabalhada para ser vista, como realmente é, algo funciona mal no cérebro, e desencadeia uma doença, tal como em outras doenças orgânicas; ou como resposta a circunstâncias anormais ou traumas e, neste caso, constitui uma disfunção psicológica. Em qualquer dos casos, em que uma ou mais variáveis (disfunção cerebral ou circunstâncias anormais) estão presentes, temos uma doença ou risco de desenvolvê-la. Caso  uma das duas variáveis não estejam bem, teremos provavelmente um estado de saúde mental alterados. Mas nem sempre.

As causas das doenças mentais são múltiplas, diferindo de doente para doente.  As pessoas sofrem de doença mental e não são “a doença mental”. Por isso, devemos dizer que a pessoa tem uma depressão ou que está deprimida, e não, que é um deprimido, dando assim o rótulo e “diagnosticando”, de maneira inadequada o quadro de saúde do sujeito.

Atendendo a esta complexidade, os diagnósticos devem ser feitos por profissionais com formação clínica apropriada, experiência e capacidade de avaliação clínica.

Perturbação mental é o termo que tem sido usado nos manuais de classificação das doenças mentais por se basearem em descrições físicas e critérios de diagnóstico.

Por isso, cientificamente e clinicamente, temos de nos orientar por critérios de diagnóstico que vão sendo, como em todas as áreas do conhecimento, revistos e atualizados e têm contribuído para uma maior objetividade no diagnóstico e tratamento da doença mental.

Vamos lutar contra a psicofobia.

Lara Reis 

Psicóloga Clínica, pós graduada em psicopedagogia clínica e institucional, início de especialização em terapia cognitiva comportamental.                                                                                                                                                                                         

*Escreve mensalmente: larinhapsi.1971@gmail.com

Fonte: http://www.abp.org.br/portal/a-sociedade-contraopreconceito-