Pode-se cantar? Porque não se diz o amém no final da oração?
O Pai-Nosso resumidamente é uma oração importante, porque não foi elaborada por nós humanos, mas tecida no coração do próprio Cristo. Cabe ressaltar que o Pai-Nosso é a única oração da Igreja que está integrada na liturgia da missa, a sua presença foi testemunhada por Padres da Igreja muito antigos, como Santo Agostinho, São Jerônimo e o Papa Gregório Magno (590-604).
Essa oração, com efeito, tem a capacidade de nos preparar dignamente para o sublime momento da comunhão, além do mais, pode-se mesmo estabelecer grande paralelo entre a primeira parte do Pai Nosso e as várias partes da oração eucarística, pois em ambas o nome de Deus é santificado, em ambas se solicita a vinda do seu Reino entre nós e, enfim, em ambas se implora a realização de sua santa vontade. Com o Pai Nosso tomamos profunda consciência de que, somente à medida que nos comprometemos a perdoar o irmão, é que nos capacitaremos ao perdão de Deus, única estrada capaz de nos abrir as portas da verdadeira comunhão.
Mãos dadas? Mãos levantadas? Qual é a melhor postura para rezar o Pai-Nosso na Missa e por quê?
A instrução geral do missal romano (IGMR), diz:
237. A seguir, o celebrante principal, de mãos unidas, diz a exortação que precede a Oração do Senhor e, com as mãos estendidas, reza a Oração do Senhor com os demais concelebrantes, também de mãos estendidas e com todo o povo.
Instrução Geral do Missal Romano (IGMR)
Não há nada na Instrução Geral do Missal Romano que indique que a prática de dar as mãos tenha de ser feita. Na missa, cada gesto é regulado pela Igreja.
Outra coisa que se vê muito quando se reza o Pai-Nosso é que as pessoas levantem as mãos, como o padre faz, e isso tampouco é correto, porque não cabe aos leigos, durante a missa, fazer os gestos reservados ao sacerdote, nem pronunciar as palavras ou orações do padre, confundindo o sacerdócio comum dos fiéis com o sacerdócio ministerial.
Só os padres estendem as mãos; é melhor que os fiéis permaneçam como estão ou orem com as mãos unidas, pois a fé interior é o que importa, é o que Deus vê.
Portanto, esta prática de rezar a oração que Jesus nos ensinou de mãos dadas deve ser evitada durante a celebração da missa. Porém, se alguém quiser fazer isso, que faça (como exceção) sem forçar ninguém, sem incomodar ninguém e sem a intenção de que isso se transforme em norma litúrgica para todos.
Outra coisa muito diferente é a oração comunitária fora da missa. Quando se reza fora da missa, não há problema algum em segurar a mão de alguém, pois isso é um gesto muito emotivo e simbólico.
A Oração do Senhor: Pode ser cantada?
81. Na Oração do Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados, a fim de que as coisas santas sejam verdadeiramente dadas aos santos. O sacerdote profere o convite, todos os fiéis recitam a oração com o sacerdote, e o sacerdote acrescenta sozinho o embolismo, que o povo encerra com a doxologia. Desenvolvendo o último pedido do Pai-nosso, o embolismo suplica que toda a comunidade dos fiéis seja libertada do poder do mal.
Instrução Geral do Missal Romano (IGMR)
A instrução “Musicam Sacram” afirma no número 35: “O Pai-Nosso, é bom que o diga o povo juntamente com o sacerdote. Se for cantado em latim, empreguem-se as melodias oficiais já existentes; mas se for cantado em língua vernácula, as melodias devem ser aprovadas pela autoridade territorial competente”.
A melodia para cantar o Pai-Nosso nunca deve ser escandalosa, para não perder de vista a intenção do ato, que é orar.
As pessoas não sabem se o Pai-Nosso pode ser cantado precisamente porque é raro que se cante esta oração nas missas. Por quê? Justamente por causa dos abusos cometidos. Em muitos casos, este canto é deformado e mal interpretado.
Na América Latina, sobretudo, é frequente ouvir o Pai-Nosso com mais palavras que na oração original, ou com menos palavras, e até com outras palavras (exemplo comum no Brasil: “Pai, meu Pai do céu, eu quase me esqueci que o teu amor vela por mim, que seja sempre assim…”).
Por que mudar as palavras de Jesus? É por isso que os padres costumam seguir o caminho mais seguro, que é recitar o Pai-Nosso.
Portanto, quando cantamos o Pai-Nosso, é importantíssimo conservar intacto o texto original da oração.
E porque não se diz o amém na oração dentro da missa?
A palavra “amém”, um dos vocábulos mais utilizados pelos cristãos, é dificilmente traduzível em seu sentido mais profundo (por isso é mantida em hebraico, o idioma original), e utilizada sempre em relação a Deus.
A palavra “amém” é utilizada para concluir as orações. No entanto, a oração por excelência, o Pai-Nosso, quando rezado dentro da missa, não é acompanhado pelo “amém” no final. Fora da missa, o “amém” é dito normalmente.
Mas qual é a explicação para a ausência do “amém” no Pai-Nosso da missa? É simples: não se diz “amém” porque a oração ainda não terminou.
Depois de todos rezarem o Pai-Nosso até o “… mas livrai-nos do mal”, ao invés de dizer “amém”, o sacerdote continua a oração sozinho. A liturgia chama isso de “embolismo”, significa juntar ou introduzir alguma coisa, na missa consiste na prece feita pelo padre, no qual retomando a última frase da oração do Senhor, (Livrai-nos de todos os males…), ele pede para a comunidade dos fiéis a paz e a libertação de todo o mal:
“Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a esperança, aguardamos a vinda de Cristo salvador.”
E o povo responde com uma aclamação muito antiga, chamada também de doxologia (palavra de gloria) cuja origem se perde nos primeiros séculos da história da Igreja:
“Vosso é o Reino, o poder e a glória para sempre!”
Fontes: A missa e suas partes de José Raimundo de Melo – Aletéia