“Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para você em Cristo Jesus.” Tessalonicenses 5:18

“Felicidade aos solavancos”

Não ousei alterar nem o título da carta da editora-chefe da revista Mente e Cérebro de dezembro de 2015. Obviamente quem interessar-se mais sobre o tema deve ler toda matéria, recomendo.

Porém, as questões colocadas por ela diante da busca desenfreada pela felicidade e o crescimento das questões que nos corroem, são ao mesmo tempo controversas e reflexivas, assim como, coerentes com os conflitos humanos que em pleno século XXI nos afligem e angustiam.

Ela nos mostra esta contraposição entre um mundo que impõe uma felicidade obrigatória a qualquer custo, mas que ao mesmo tempo nos sufoca com modelos prontos, do que é ou não adequado, colocando-nos assim, no que se pode dizer numa “sinuca de bico”. Onde corremos o risco de nos perder em idealizações e postergações.

“Enquanto isso, o presente se esvai” diz Gláucia Leal. “Parece uma armadilha: se a gente segura a felicidade, ela se perde. Desconfio da apologia simplista da alegria pronta. Tendo a pensar num modelo mais complexo, marcado por elaborações capazes de quebrar ciclos de repetição sem espaço para a criatividade – ainda que isto implique não estar feliz, mas pode olhar o sofrimento de frente e suportá-lo, levando em conta o óbvio que deixamos de lado: a dor não fica para sempre. Aliás, nem a alegria.”

Em sua carta editorial ela sugere uma construção de um diferencial importante, que é o “comprometimento com o que de fato faz bem.” Sem imposições de chegar a um ponto para ser feliz ou esperar que a satisfação de algo nos coloque em êxtase constante.

“O movimento é interno, subjetivo, não tem haver simplesmente com o que acontece, mas como vivemos a situação… exige maturidade reconhecer que estamos no centro de nossas próprias vidas, somos protagonistas e cabe a cada um, de forma intransferível, a decisão consciente de suportar desfrutar o que já temos.”

Ela , nos alerta no final para a gratidão, como um poderoso instrumento para a ampliação de espaços de felicidade em nosso psiquismo. “Afinal para agradecer, é preciso reconhecer que temos recursos dos quais nem sempre nos damos conta. E os aspectos que nos agradam existem, persistem – apesar das faltas, constantes e inevitáveis.”

lara reisLara Reis

larac.reis@ibest.com.br

Fonte: Revista Mente e Cérebro (dez/2015)