Como estimular comportamentos mais sociáveis, promover a gentileza e ajudar a criar uma geração mais sensível e preocupada com o outro.

As fortes chuvas e o ciclone que atingiram países do continente africano, como Zimbábue, Malauí e principalmente Moçambique, deixaram um grande número de mortos e os sobreviventes praticamente perderam tudo o que possuíam em se tratando de bens materiais. Além disso não há energia elétrica, água potável, estradas desapareceram, não há abastecimento de alimentos e comunicação em muitos dos lugares afetados.

Nesse ano de 2019, infelizmente já temos uma lista de tragédias nacional e internacional. Ao mesmo tempo em que ouvimos falar de um mundo globalizado, aumenta a percepção de as pessoas estarem cada vez mais individualistas principalmente entre as novas gerações. Daí surge a pergunta: Como estimular comportamentos mais sociáveis, promover a gentileza e ajudar a criar uma geração mais sensível e preocupada com o outro?

Diante da tragédia de Moçambique, a família de um missionário verbita, aproveitou a situação para ensinar a solidariedade e despertar a consciência missionária na filha Clara que possui a idade de 6 anos. O Pai João Paulo Silva, tocado com o momento vivido naquele país, reuniu-se com a Clara e juntos fizeram uma oração em intenção às vítimas. Terminada a oração, o pai pegou um papel e lápis de cor, e fez um desenho na parte de cima do papel, depois pediu que ela desenha-se algo em que o povo de Moçambique estivesse mais precisando. A Clara entendeu que aquelas crianças precisavam de alimentação, moradia, brinquedos e amor. O tio da Clara é o Padre Carlos Alberto da Silva, missionário verbita que trabalha atualmente na Áustria.

Conectar-se com outra pessoa. Captar o que ela está sentindo. Colocar-se em seu lugar. E fazer o que for possível para ajudá-la. Esses são alguns dos princípios básicos da empatia. Michelle Borba, uma autoridade quando se fala em educação infantil, em uma entrevista a revista Crescer, ela defende que crianças ensinadas a terem empatia desenvolvem uma identidade moral, são gentis, pensam mais no coletivo e tem grandes chances de se tornarem agentes de mudança no futuro. Comecei a ver estatísticas perturbadoras sobre a juventude de hoje vivendo em sociedades mais industrializadas. Atualmente, parece que as crianças têm uma identidade moral mais fraca e são menos propensas a considerarem as preocupações dos outros. Ao mesmo tempo, a saúde mental delas está despencando – e fica mais difícil sentir alguma coisa pelos outros quando se está no “modo sobrevivência”.  

Em um livro publicado em 2016 chamado Unselfie, Why Emphatetic Kids Succeed in Our All-About-Me World (Unselfie, Por Que Crianças Empáticas se Dão Bem em um Mundo Egocêntrico?, em tradução livre, ainda sem título definido em português), ela diz que pesquisas mostram que até a saúde dos pequenos sai beneficiada quando a capacidade é estimulada desde cedo. “E, não há outra maneira senão ensinar esse comportamento ao seu filho da mesma forma que você o ensinou a ler, a falar e a andar de bicicleta: com paciência, treino e exemplo! A empatia ainda é considerada como algo “fofo” . Não é nossa prioridade. Apesar de nossas crianças terem a habilidade de cuidar do outro, elas não saem do útero empáticas. É um talento que os pequenos precisam desenvolver e melhorar.

Fonte: Revista Crescer / Padre Anselmo Ribeiro / Pascom Fajardo