“Em se tratando de uma caridade anônima, relacionada a causas das quais não se têm retorno, o que poderia motivar o doador?”, questiona reportagem na “The Economist”. De acordo com a revista, a neurociência explica que doar nos faz sentir bem. Pesquisadores do National Institute of Neurological Disorders and Stroke, em Bethesda (Maryland), quiseram descobrir as bases neurais de atos altruístas. Eles pesquisaram o cérebro de 19 voluntários enquanto escolhiam se guardariam o dinheiro ou doariam. Os pesquisadores usaram as imagens de uma técnica chamada de ressonância magnética funcional, que mapeia a atividade cerebral em várias partes do cérebro. O resultado foi publicado na “Proceedings of the National Academy of Sciences” (www.pnas.org) desta semana. O estudo foi feito da seguinte forma: distribuíram US$ 128 a cada participante. Disseram-lhes que eles poderiam doar o dinheiro anonimamente a qualquer instituição de caridade de assunto controverso (incluindo uma série de causas como aborto, eutanásia, igualdade sexual, pena de morte, energia nuclear e guerra). O participante poderia aceitar ou rejeitar as seguintes escolhas: doar o dinheiro que não lhe custou nada, doar dinheiro de seu bolso, recusar a doação e não pagar por isso, ou recusar a doação e devolver o dinheiro. Essas situações selaram um conflito entre a motivação dos voluntários em se recompensarem, ficando com o dinheiro, e o desejo de doar ou de apoiar uma causa com a qual eles se identificavam. Com este dilema em suas mentes, os pesquisadores foram capazes de examinar o que acontecia na cabeça de cada participante enquanto realizavam decisões baseadas em critérios morais. A parte do cérebro ativada quando uma doação acontecia seria o centro de recompensa do cérebro – o caminho mesolímbico –, responsável por liberar dopamina, uma mediadora da euforia associada ao sexo, dinheiro, comida e drogas, afirma a reportagem. Quando os participantes se opuseram às causas, a parte do cérebro ativada era próxima à última. Esta área, no entanto, é a responsável por decisões envolvendo punição. Uma terceira parte também foi ativada, envolvida com decisões de conflitos de interesse próprio e morais.

Fonte:[url=http://noticias.bol.com.br/saude/2006/10/13/ult306u15362.jhtm]www.noticias.bol.com.br

 

Baseado nesta pesquisa complexa, mas importante, para que compreendamos este aparentemente, comum (ou não) comportamento humano.

Mas, o que é dopamina? E caminho mesolímbico? Sim são termos biológicos e químicos, que ocorrem, queiramos nós ou não, em nosso cérebro, pois são reações primitivas, que já nos acompanham há gerações, e estão impregnadas em nossos DNA’s.

Resumidamente. A dopamina é neurotransmissor liberado pelo cérebro, que desempenha um número de papéis nos seres humanos e nos outros animais. Entre algumas das funções notáveis estão:

movimento, memória, recompensa agradável, comportamento e cognição, atenção,  sono, humor, aprendizagem.

E caminho mesolímbico? É sabido estar envolvida na modulação das respostas comportamentais aos estímulos que ativam as sensações de recompensa através do neurotransmissor dopamina.

No momento em que observamos o ser humano apenas por um ponto de vista, anulamos todos os outros, por exemplo:

Julgar um comportamento, sem considerar toda complexidade envolvida para que, aquela atitude tenha ocorrido (físicas – que incluem as funções cerebrais e psicológicas, familiares, ambientais, escolares, sociais, entre outras). Tende-se, então, a dimensionar o outro de acordo com ideias pessoais e muitas vezes, embutidas culturalmente por minhas vivências pessoais e subjetivas (que nem sempre, significam ser adequadas ao outro), assim, criamos um buraco negro, onde quanto nós, quanto o outro, podem cair ao gerar preconceitos e erros.

Neste artigo podemos observar duas interessantes informações, sem dúvidas, nem mesmo científicas. Primeira, doar, sem esperar recompensa é comprovadamente causa de bem estar e alegria ao doador, sendo estas: físicas, psicológicas, espirituais, entre outras. O que além, de dar ainda maior excelência ao este ato, nos move a fazê-lo por prazer. Há menos que, não queira aproveitar todas as benesses que este ato nos proporcione, sugiro neste caso, que busque uma ajuda psicológica e procure compreender o por que isto não causa determinado comportamento.

 

A outra informação é a abertura para relacionar-se com o outro, de modo holístico (que todos somos), e buscar assim, um entendimento integral dos fenômenos, comportamentos e atitudes alheias, reduzindo cada vez mais a forma pessoal, preconceituosa, rotulante, fragmentada, onde vemos só um comportamento e omitimos os demais, reduzindo o outro a nossa idealização.

Lara Reis

Psicóloga clínica – Pós graduada em psicopedagogia clínica e institucional.

larinhapsi.1971@gmail.com