A oração eucarística se abre com o prefácio. O sacerdote se dirige à assembleia, convidando-a a voltar-se para Deus e elevar o coração ao Senhor. Toda a oração se desenvolve nesta direção: reconhecer a grandeza e a bondade do Deus que nos salva em Jesus Cristo, seu Filho, unindo-se a ele no amor ágape. São Paulo não nos exorta a, em tudo, dar graças a Deus (1Ts 5,18)? Dar graças é “nosso dever e nossa salvação”! Tudo fica confirmado pela concordância da comunidade no grande AMÉM.
A celebração da eucaristia é a perpetuação, na história de hoje, do evento salvador da paixão-morte-ressurreição-ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo. A comunidade manifesta a sua admiração-gratidão, a sua anuência e o seu comprometimento e aclama: bendito seja o nosso Deus! Suplica ainda que Deus renove a sua misericórdia sobre nós, alimentando a caminhada em direção a eternidade. A oração eucarística é uma grande sinfonia de gratidão e reconhecimento, de missão e de pertença ao povo eleito.
Foi no contexto da páscoa dos judeus, relatada no capítulo 12 do Êxodo, que Jesus introduziu um novo rito: já não a memória histórica da saída do Egito, mas “em minha memória”, em memória do que aconteceria na sexta-feira santa: “estando para ser entregue e abraçando livremente a paixão”, ele se faz Cordeiro pascal.
Jesus celebra com os seus amigos a Páscoa Judaica e, em seguida, introduz a novidade da NOVA E DEFINITIVA ALIANÇA, em seu sangue “derramado por vós”.
Fazei isto em memória de mim é a declaração final da instituição da Eucaristia. Esse mandado não significa apenas que Jesus quer que nós celebremos a sua Ceia, mas muito mais: Jesus quer que, assim como ele o fez, oferecendo-se ao Pai até a morte, também nós nos transformemos em oferendas ao Pai pelos nossos irmãos (“ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”). Cristo é a nossa páscoa!
A igreja propõe ao mundo o que Maria disse em Caná “Fazei o que ele disser” e Jesus nos convida para sermos missionários da Eucaristia: “Fazei isto em memória de mim!”
D. Geraldo Majella Agnelo
Cardeal Arcebispo Emérito de Salvador