A iniciação cristã é a participação humana da vida em Deus. Uma existência despojada nas mãos do criador. Jesus de Nazaré nos revela como deve ser essa vida. Ela envolve todo modo de viver do catequista, a imitação do mestre e, por excelência, o modo de caminhar na história que revela a existência no Criador. O caminho é longo. Ele é exigente, de profundo aprendizado e transformação. O Senhor, filho Deus, ajudou os discípulos a descobrirem e participarem da vida em Deus. Ele revela que sua morada é o lugar onde encontra-se o Pai e que por conta própria deveriam buscar a resposta da procura.

O catequista, hoje, é o mistagogo desse processo, com a vida alicerçada no Mestre, ele realiza a vontade de Deus; ele termina a criação iniciada na carne, conduzindo o iniciando, diante do mistério da fé, à vida afetiva e definitiva no Pai. Esta é a obra que falta levar a termino o desígnio daquele que o escolheu.

Jesus é o centro da iniciação a vida cristã. A catequese conduz à participação do mistério do Senhor, não só a participação, mas sobretudo à comunhão com Cristo, filho único de Deus, que fez a vontade do Pai, que sofreu e morreu por nós, e que agora ressuscitado nos revela o caminho para o Pai; e a vida de fé consiste em seguir a Cristo e, o rumo que o mestre propõe é a entrada definitiva e o estado definitivo da vida em Deus.

O Catequista conduz o catecúmeno a participação ativa, envolvente e permanente deste Mistério. Ele é aquele que transborda a vida de fé, que manifestada em si mesmo, faz ecoar e refletir, atingindo o modo de ser e de viver do evangelizando. A sua maneira de viver e de realizar a missão, confiada por cristo, “não fostes vos que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi”, não é diferente da do Mestre. O que não muda é a mensagem anunciada e o modo de testemunhar a vida em cristo, porém muda as diversas culturas, lugares de missão onde são chamados a reavivar a chama da presença de Cristo, no anúncio do Reino de Deus.

A comunhão com o Senhor, por sua própria natureza, nos revela o rosto do Pai, doando a força necessária para que o discípulo e a discípula possam estabelecer a união com tudo aquilo que o Senhor revela, e é nEle que devemos permanecer unido. É permanecendo em Cristo que os frutos são revelados. Sem a busca da presença amorosa do Senhor é impossível para o catequista realizar, no mundo de hoje, suas obras. Por isso, muitos caminhos frustram, a admiração toma conta do essencial, ela interfere no modo de ser e de viver do discípulo e anula o testemunho da Verdade. O assombro cega a fé, a compaixão e a ternura, de tal forma, passam a viver a história sem experiências de transformação e conversão.

O Mistério é o que move e sustenta a dinâmica da vida do evangelizador. É ele que aprofunda a identidade de ser cristão, ser de Cristo, e que conduz para o Espírito de vida do Mestre. A fé faz viver num mundo a certeza de algo que se espera, indica a disposição de avançar além do que se vê e toca. Contundo, ela não conforma com a realidade presente, imaginar que ela pode mudada e ser refeita.

Por fim, o serviço à Deus exige do catequista uma comunhão trinitária. No evangelho de Lucas (4,18), quando Jesus põe-se de pé na Sinagoga, lendo o texto profeta Isaias, o Espírito – “sobre mim” – revela a missão do Mestre como uma força que vem do Pai. Como Jesus, que realizará através das obras o designo de Deus na vida por palavras e atos, o catequista vem imitá-Lo através do anúncio do Evangelho. Venha a ser o evangelizador, o profeta anônimo ungido por Deus, para restaurar a condição de vida dos catecúmenos, para restabelecer a vida e confrontá-los ao Criador. No exílio deste mundo o catequista, revelar-se-á a vontade do Pai aos que vivem oprimidos, escravizados, cegos, doentes e presos, sobretudo, aos marginalizados existências. Que o seu serviço a Deus o leve a arriscar tudo pelo Criador.

Padre Roberto Rubens da Silva
Membro do Secretariado Bíblico-Catequético da Arquidiocese de BH.
Pároco da Paróquia Jesus de Nazaré.