Faleceu na madrugada de 16 de fevereiro, o Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, o verbita Dom Silvestre Luíz Scandian SVD. Ele estava morando na cidade de Juiz de Fora em Minas Gerais, na Comunidade do Verbo Divino da Província Brasil Norte.
Dom Silvestre, tinha 87 anos de vida, 67 de consagração religiosa, 60 anos de sacerdócio ministerial e iria completar no dia 22 de fevereiro, 44 anos de vida como bispo. Dedicou 20 anos da sua caminhada episcopal ao pastoreio na Arquidiocese de Vitória entre os anos de 1984 a 2004, tornando-se arcebispo emérito.
Em nota a Arquidiocese se manifestou dizendo que a vida missionária de Dom Silvestre foi dedicada de maneira generosa aos irmãos. “Glorifiquemos a Deus pelos dons concedidos a Dom Silvestre, e que ele soube partilhar com os irmãos. Louvemos a Deus pelo testemunho de vida de pobreza e por sua dedicação corajosa na defesa da dignidade humana e dos direitos inalienáveis de cada pessoa.”
Dom Silvestre será velado no domingo, dia 17, na Catedral Metropolitana de Vitória. Ele será sepultado no final da tarde em Vila Velha, conforme desejo do próprio Dom Silvestre, junto ao túmulo dos seus pais.
Histórico de Dom Silvestre
Dom Silvestre Luiz Scandian teve grande destaque na Igreja do Espírito Santo e também na sociedade capixaba de 1984 a 2004 período em que atuou como Arcebispo Metropolitano. Na ocasião em entrevista à Revista Vitória disse que a partir daquela data procuraria viver mais a caridade porque até ali tinha vivido a fé e a esperança. Dom Silvestre referia-se à vivência das virtudes teologais (fé, esperança e caridade) e, de fato, iniciou a partir dali, uma jornada de visita aos doentes internados em hospitais em Vitória, missão que exerceu enquanto teve condições.
A partir de 2010 começou a apresentar sinais de ausências e falhas de memória que evoluíram para a doença de Alzheimer e passou a ter uma vida mais reclusa sob a atenção de cuidadores. Em setembro de 2018 para poder receber mais cuidados foi para a cidade de Juiz de Fora, MG, onde ficou na Casa de repouso dos padres do Verbo Divino, Congregação à qual Dom Silvestre pertence. Por conta de uma infecção foi internado no mês de outubro do mesmo ano, onde permaneceu até a morte.
Dom Silvestre chegou a Vitória em 1981 como Arcebispo Coadjutor de Dom João Batista da Mota e Albuquerque. Com a morte de Dom João em abril de 2014 assumiu o comando da Arquidiocese. O primeiro gesto concreto foi organizar uma Grande Avaliação, que ficou conhecida como GRAVA e com isso mergulhou e passou a defender o modo de ser Igreja da Arquidiocese de Vitória. Valorizou a organização em pequenas comunidades e fez a opção preferencial pelos pobres. Isso o levou a apoiar os movimentos e as pastorais sociais e de direitos humanos.
Na década de 90, a violência e o crime organizado se instauraram nas instituições governamentais e na política, passando o Espírito Santo a ser o 2º Estado proporcionalmente mais violento no Brasil. Diante desse quadro Dom Silvestre convocou a OAB e outros organismo da sociedade civil para fazer frente a problemática da violência que culminou na criação do Fórum Reage Espírito Santo. O peso da militância de Dom Silvestre que tinha como grande aliado o Dr. Agesandro da Costa Pereira, então Presidente da OAS/ES, mobilizou a sociedade capixaba contra o crime organizado e provocou uma atitude forte da Justiça no combate ao crime. Por outro lado, também recebeu ameaças e nunca aceitou proteção policial.
Em seus pronunciamentos públicos, como Festa da Penha, Abertura da Campanha da Fraternidade e Grito dos Excluídos era direto, simples e conciso ao mesmo tempo que era incisivo quando se tratava de Direitos Humanos e defesa da vida.
Durante seu governo conseguiu trazer a visita do Papa João Paulo II (1991) e a realização em Vitória do XIII Congresso Eucarístico Nacional (1996).
Pascom: Fajardo. – Foto Dayana Souza Fonte: Arquidiocese de Vitória e CNBB