A PAZ!
A Igreja sabiamente nos oferece anualmente a possibilidade de pararmos para refletir e nos alinharmos mais ainda ao seguimento de Jesus, eis a Quaresma, período de reestruturação. Fomos obrigados a viver literalmente não somente uma quaresma espiritual, mas social.
Diante das intempéries que a humanidade vive, quero refletir com vocês sobre este tempo, e tentar achar pistas para passar por “essas” Quaresma’s fortalecidos humanamente, talvez o que escrevo não seja de total desconhecimento, mas tem o objetivo de revisitar aquilo que anda esquecido.
Por que nós seres humanos aprendemos com o sofrimento? Não seria mais fácil progredirmos na alegria? Não quero dar respostas às minhas próprias indagações, porém, foi necessário algo externo a nós para pararmos…E que parada. Economia em colapso, medo, angústia, impotência, etc.
Porém, não pretendo relatar o que se noticia a toda hora.
Estamos perdendo sentimentos tão nobres e deixando de reconhecer o que vale a pena: a vida! Reconhecer a importância da vida requer silenciar diante do grande mistério que ela é, voltar para si, pensar, refletir. Atitude nada prática para a mulher e o homem de 2020, que em sua maioria, está focado somente no ter, no consumismo, no amanhã e entrega a brevidade da vida em coisas passageiras, como estas que estão em torno do dinheiro, infelizmente.
A crise nos mostra o quanto estamos arraigados a ritos e não percebermos a beleza das estações, dos ciclos da vida e de nossa Igreja; quantos passam anualmente pela Quaresma e não param nem a se perguntar se estão vivos? Não é uma chamada de atenção. Entretanto, neste momento de “quarentena”, muitos se angustiam, estão começando a entristecer, pelo simples fato de não poderem sair à rua.
Aqui não se negligencia a gravidade da situação, muitas mães e pais de família estão preocupados com a manutenção da própria família, trabalhadores atormentados com a possível perda de seu emprego, e diante de tudo isso, ter de ficar em casa.
A impotência e angústia que muitos hoje estão sentindo é preocupante, mas tal moléstia é agravada em decorrência da inabilidade do qual tratam o seu próprio ser, a sua interioridade. Muitos não estão suportando o silêncio de seu próprio lar, do seu próprio ser.
Como encontrar a Deus, se Ele, também, está no silêncio interior. É contraditório o constante barulho do qual muitos experimentam, mas o maior deles é aquele produzido no interior do ser. O humano, criatura do divinal, está deixando de cultivar o seu lado espiritual: não pausa para olhar a beleza do outro, a singularidade de uma flor, a formosura dos astros.
Se desliga de tudo que é essencial e quando é obrigado a parar se desestabiliza!
Esses dias, em casa, volte o olhar para a sua própria casa interior, no silêncio interior, contemple a Quaresma em sintonia com o sagrado que habita em você. Reflita sobre o tempo, se reorganize internamente para dar, depois e agora, o seu melhor.
Recordemos que anos passados, nesta época, estávamos na correria da vida, com o triste vício de antecipar tudo…, corria-se para as lojas em busca de chocolate e abafava-se o real sentido da Páscoa. Pense, aquilo do qual se colocava tanta importância, hoje está sendo colocado de lado, ou seja, não é essencial, agora as lojas estão vazias e os concorridos ovos de chocolate estão despercebidos do paladar .
Tudo isso para dizer que o frenesi de antecipar tudo, gera homens e mulheres desesperados, que não aprenderam, como muito bem poetizou Adélia Prado, “se esqueço a paciência, me escapam o céu e a margarida do campo”. Paciência, necessitamos ser pacientes para enfrentar as crises da vida, paciência para passar a Quaresma; e toda a quaresma é um grande silêncio, não um silêncio de túmulo, contudo, frutuoso.
O desespero de algumas pessoas não é porque a casa é pequena, porque as crianças gritam, não. O desespero é poque muitos não sabem lidar consigo mesmo. Em tempos de crise, parecem que vão pirar, aí surgem as crises existenciais, as angústias desmedidas, as compulsões, como a alimentar, o medo do presente…
Por isso,
No silêncio e na paciência, somos convidados a cuidarmos uns dos outros.
Já estamos praticando nossa maior penitência da Quaresma, a de estarmos restritos à casa. Então, façamos neste tempo mudanças salutares: valorizemos as pessoas com quem convivemos, dediquemos a elas aquela merecida atenção que não damos quando estamos na correria da vida.
Apreciemos a conversa sem sentido, desobstruamos os canais da ignorância alheia com aquele nosso estudo, cantemos para “afastar a tristeza”, relembremos os dias felizes da infância, a alegria das pessoas importantes que não estão conosco, contemos histórias para as crianças, ouçamos os velhos…
Esposos, aprendam a se olhar, a se acariciar, reaprendam a se amar como antigamente quando o fogo da paixão ainda vibrava em vocês.
Em família, estejam atentos para as notícias, mas aprendam a desligar-se de informações que não acrescentam no que você já saiba. Ao sentar-se à mesa converse assuntos variados, traga fatos alegres, de superação, de otimismo; descongestione a mente com pensamentos positivos e desvie de assuntos pestilentos; mande energia positiva para o cosmo; leia aquele livro deixado de lado, conheça os clássicos e também os populares; brinque com as crianças, na ausência da empregada, faça o seu prato preferido para toda família, se não souber fazer, aprenda; brinque com os animais, se os tiver. Ressignifique sua vida!
Ainda é Quaresma.
Jejue das futilidades das mídias sociais, da banalidade, do ativismo, do cansaço em busca do dinheiro que é poupado, do relacionamento não amistosos. PARE, ame-se;
Reze para passar este tempo quaresmal com tranquilidade e otimismo, e uma confiança e união com Deus, e;
Aja com caridade para com aqueles que estão todos os dias junto de ti, aprenda que a vida é um eterno perdão e que o amor é uma árdua e constante busca.
E não se esqueça que a Páscoa vai chegar, a crise vai passar, e, como não sabemos do futuro, e nem queremos, vista a sua melhor roupa, arrume a mesa com capricho, dance e pule e veja que ficar em casa não é o fim do mundo, quando se aprendeu a cultivar a interioridade e o zeloso respeito pela presença do irmão.
Esteja BEM!
Arnaldo Lobato
Comunitário da Santíssima Trindade – Paróquia do Verbo Divino.
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