“Em tudo somos oprimidos, mas não sucumbimos. Vivemos em completa penúria, mas não desesperamos, somos perseguidos, mas não desamparados. Somos abatidos, mas não somos destruídos.” (2 Coríntios 4:8-9).  Para Deus, você vale muito.

Este mês o Conselho Federal de Medicina estimula uma reflexão propondo a Campanha “Setembro Amarelo”, que alerta a uma séria e importante  realidade mundial. Bem como, o combate a um estigma que dificulta a discussão á cerca do chamado “mal silencioso”, o suicídio.  Ante esta proposta somos convidados a alertar e informar aos demais contra diversos mitos e tabus que impedem a abertura a este assunto, podendo então, ajudar as pessoas a uma qualidade de vida melhor.

Por ser um tema delicado e polêmico, é importante conhecermos os dados levantados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para entendermos a proporção drástica e de saúde pública que silenciosamente nos atinge, e em muitos casos, por simples falta de informação.  No Brasil, estima-se 10.000 suicídios/ano e mais de 1 milhão no mundo e ainda pelo menos 17% das pessoas em algum momento da vida já pensaram em tirar a própria vida. Em 2012 cerca de 804 mil pessoas morreram por suicídio no mundo, o que corresponde a taxas ajustadas para a idade de 11,4 para homens e 8,0 para mulheres (OMS – 2014).

A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio e a cada três segundos 1 pessoa atenta contra a própria vida. Há uma estimativa em que 2020 poderão ocorrer 50% na incidência anual de perdas de vida. O Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios, sendo observado um aumento de 30% em jovens.

Dados aterrorizantes e assustadores. Porém, até quando vamos continuar fingindo que esta realidade não faz parte de nossa sociedade? Decidiremos nos silenciar e não agir ante o sofrimento mental do outro? Seremos apenas carrascos julgadores, ou ficaremos confabulando se foi covardia ou coragem tomar esta atitude?

Considerando que muitos erros e preconceitos veem sendo repetidos historicamente, contribuindo para a formação de estigmas em torno desta doença mental, devemos esclarecer alguns mitos que cercam o tema, tendo como fonte a Cartilha do Conselho Federal de Medicina.

Não devemos falar sobre suicídio, este pensamento aumenta o risco – – FALSO: pelo contrário, expressar e falar, podem aliviar a angústia e a tensão que estes pensamentos trazem.

É uma decisão individual, já que cada um tem o poder de exercer o livre arbítrio – FALSO: os suicidas estão passando, quase invariavelmente, por um sofrimento mental, que altera de forma radical sua percepção da realidade, interferindo assim em seu livre arbítrio.

Quando uma pessoa pensa em suicídio terá risco de suicídio para o resto da vida – FALSO: se tratado com eficiência e eficácia, não há risco.

As pessoas que ameaçam se matar, só querem chamar a atenção – FALSO: a maioria dos suicidas fala ou dão sinais sobre suas ideias de morte.

Se uma pessoa sentiu-se deprimida e pensou em matar-se em algum momento e seguidamente passou a se sentir-se melhor, significa que o problema passou – FALSO: pode ter simplesmente decidido agir.

É proibido que a mídia aborde o tema – FALSO: na verdade é uma obrigação social, discutir este amplo problema de saúde pública, abordando o tema de forma adequada. É fundamental dar informação á população, como por exemplo, onde e como buscar ajuda, etc..

Muitas vezes as pessoas sentem-se envergonhadas, excluídas e discriminadas, tornando, assim, o problema mais complexo e amplo. E lembrando que, este ato extremado, tem impacto na vida de pelo menos outras seis pessoas (família, amigos, parentes e a sociedade como um todo). O conhecimento pode contribuir para desconstrução deste estigma.

O que podemos fazer para diminuir drasticamente estes números assustadores, como cidadãos, cristãos, pais, comunidade, sociedade?

Sejamos agentes ativos ante as dores alheias.

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Lara Reis

Psicologa e pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional 

larinhapsi.1971@gmail.com

Fonte: Cartilha Conselho Federal de Medicina (CFM), sugerido pela Comissão de Ações Sociais (CAS).