O luto na pandemia
A pandemia nos colocou em reflexão sobre vários aspectos da nossa vida. Nos fez repensar a forma como vivemos, gerou perdas dolorosas, nos fez valorizar coisas que nem lembrávamos que existiam. Acredito que a reflexão mais dolorosa de todas diz respeito a uma certeza que todos temos, mas com a qual temos pouca habilidade de lidar: a finitude da vida.
As vidas perdidas foram muitas. Mais do que números, foram pessoas que partiram e deixaram para trás outras pessoas que tiveram suas vidas modificadas de forma permanente. Buscar respostas e culpados não ajuda, apenas nos coloca para cavar querendo encontrar o fim de um buraco. É um esforço que mina nossa energia e nossa saúde e que não para até que saibamos largar a pá. O que ajuda nesses momentos é entender o que estamos sentindo, acolher esses sentimentos e respeitar o nosso tempo.
Quando experimentamos uma perda significativa entramos num processo de luto. Há estudiosos que defendem que o luto é formado por cinco fases. Essas fases podem ocorrer em ordem diferente e nem todas acontecem com todos os enlutados. Afinal, se cada pessoa é única, a forma como cada um vive o luto também será.
- A primeira fase é a negação. Diante do choque da perda não queremos sentir a dor, então a negamos o quanto podemos. Não acreditamos que perdemos a pessoa e nos comportamos como se a pessoa ainda estivesse aqui.
- A segunda fase é a raiva. Praguejamos contra tudo e temos raiva de todos: da vida, do destino, do governo, de Deus, da pessoa que se foi, de nós mesmos…
- A terceira fase é a barganha. Começamos a negociar uma troca: daremos algo para o universo para acabarem com a nossa dor. Questionamos porque a perda aconteceu conosco, já que fizemos tudo certo e, ainda assim, não recebemos nenhuma recompensa, só dor.
- A quarta fase é a depressão. É nessa fase que a perda começa a ser mais bem entendida e a se tornar algo mais definitivo e real. É quando nos deparamos com a falta, a ausência que a pessoa deixou. Nessa fase a tristeza é o sentimento mais vivenciado e o choro se torna um hábito.
- A última fase é a aceitação. Nela, a dor pode ainda permanecer, mas não traz mais tanto desespero e angústia. É quando o enlutado consegue trilhar novos caminhos e seguir a vida, apesar da perda.
Nós temos uma tendência a querer encerrar ciclos. É saudável realizar rituais que nos ajudam a fechar uma fase para que outra possa se iniciar. Ao perder alguém, temos rituais de despedida que nos ajudam a entender que a perda realmente aconteceu e, assim, nos ajudar com o processo de luto. Infelizmente, enlutados que perderam pessoas que se foram devido à Covid não tiveram a oportunidade de se despedir da forma tradicional. Porém, é possível realizar rituais de despedida alternativos. Enterrar um objeto, reunir pessoas para contarem histórias de quem partiu, escrever uma carta para a pessoa que se foi e queimá-la, enfim. O importante é que seja um ritual que faça sentido para quem ficou.
Sei que não é um assunto leve nem fácil para falarmos a respeito, porém é necessário. É necessário falar sobre a perda, respeitar o próprio tempo do luto e ter a esperança que dias melhores virão.
Meu nome é Samantha Alves e amo reflexões sobre a vida, sentimentos e relacionamentos. O propósito do meu trabalho é contribuir para que as pessoas tenham qualidade de vida apesar das dores emocionais.
- Samantha Alves Pereira de Souza
- Psicóloga Clínica e Terapeuta de Casal CRP 04/54059 / Contato – (31) 98543-5300 samantha.psi@yahoo.com
- PSICÓLOGAS DA AÇÃO SOCIAL DA PARÓQUIA DO VERBO DIVINO
- Bruna – 9 9887-8615 – Comunidade São Judas Tadeu
- Fernanda Carolina – 9 7329-5417 – Comunidade São Vicente de Paulo
- Marina Mateus – 9 9384-5312 – Comunidade São Judas Tadeu
- Shirley – 9 7147-8073 – Comunidade São Judas Tadeu e São Vicente de Paulo
- Silvia – 9 9186-7285 – Comunidade Santíssima Trindade