Na 2º série “Jovens Missionários” publicado por Alessandro Faleiro do portal SVD Sdeva, continua a apresentar os jovens missionários verbitas que decidiram trabalhar no Brasil, dentro da fase de formação chamada “juniorado”. Nesta edição da série “Jovens Missionários”, o fráter Agostinho Mevor, um togolês de 31 anos, partilha sua experiência na Congregação do Verbo Divino (SVD).

                                            Apaixonado pela simplicidade dos verbitas

Nascido em Notsè, uma cidade do Togo, país no oeste da África, o fráter Agostinho Mevor está há quase três anos no Brasil e trabalha atualmente em Porto Real do Colégio, Município com cerca de 20 mil habitantes, localizado no sudeste de Alagoas. O lugar, marcado por muitos desafios sociais e econômicos, é uma das novas áreas de missão assumidas pelos verbitas.

Ao falar das origens, Fr. Agostinho explica que o Togo foi um dos primeiros países a receber evangelizadores verbitas enviados por Santo Arnaldo Janssen. O desejo de ser um consagrado surgiu ainda na infância, quando servia como coroinha. “Foi nesse momento que tive o desejo de ser sacerdote. E depois de dois anos de estudo na faculdade, resolvi entrar no postulantado, após dois anos de acompanhamento”, conta.

Ele explica que entrou na SVD após se apaixonar pelo estilo de vida dos verbitas, principalmente pela simplicidade dos religiosos. “A proximidade dos verbitas do povo de Deus me seduziu e mudou completamente esse desejo de ser sacerdote diocesano a um sacerdote missionário.” Hoje, no entanto, Agostinho percebe que ser padre em si não é o mais importante, mas oferecer a vida a Deus e aos conselhos do Evangelho (pobreza, obediência e castidade).

Desafios no Brasil

Fráter Agostinho diz que seu principal desafio é a língua portuguesa, mas ele admira muito os costumes brasileiros. “A cultura, sendo um grande espaço de aprendizagem, precisa de mais tempo. Assim, durante esse período de estudo e especialmente o da regência, eu aprendo mais e mais. A cultura brasileira, como toda cultura, valoriza a vida”, afirma.

Lava-pés

Ao falar sobre uma experiência marcante em sua trajetória vocacional, Agostinho conta um fato bem familiar aos que vivem o cotidiano da missão verbita. Há dois anos, quando estava exercendo a pastoral de fronteira com os moradores de rua, ele ficou impressionado com uma cerimônia de lava-pés realizada no albergue de Santo Amaro, em São Paulo-SP.

“Depois da celebração da Palavra conduzida por nosso formador, eu comecei a lavar os pés dos moradores de rua. Lavei os pés de alguns, e cada um começou a lavar os pés uns dos outros. Foi incrível! Isso deixou uma marca indelével em mim; tocar os que são ignorados na sociedade e deixar-se tocar por eles. É o gesto de amor partilhado”, relata.

Jovens querem “o Pastor”

Ao analisar a relação entre os jovens e a Igreja, o verbita afirma que os mais novos querem ver nos padres e irmãos exemplos de “bom pastor”. “Alguns [dos jovens] com quem conversei, chama um sacerdote de ‘o Pastor’ e não de ‘um pastor’. Eles querem que aquele à frente, irmão ou padre, seja um exemplo de bom pastor. Eles gostam muito de criatividade pastoral, querem ser seduzidos e atraídos pelo sagrado e pelo trabalho social.” Para Agostinho, o que afasta os jovens da vida religiosa é a monotonia na área pastoral, falta de compromisso com eles e especialmente a desmistificação do sagrado.

O missionário lembra uma frase de Santo Arnaldo Janssen, ao se dirigir aos que desejam seguir a vida religiosa. “‘O anúncio do Evangelho é a maior expressão de amor ao próximo’, nos diz santo Arnaldo Janssen. Nessa palavra, gostaria de dizer aos jovens que não tenham medo de se comprometer com Deus na evangelização. O desafio existe em todo lugar, mas não deixe esse desafio momentâneo se tornar um problema permanente”, aconselha.

“O mundo sempre vai nos pedir que transformemos a pedra em pão quando estamos com fome. Mas não deixe sua escuridão falar, permita que Jesus, a luz no seu interior, lhe fale. Jovem, avance com Deus!”

“Agenda dos encontros vocacionais 2016”

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Edição para SVD-Esdeva: Alessandro Faleiro Marques – Fotos: arquivo pessoal do Fr. Agostinho Mevor, SVD.