Confronto X Conflito, por Lara Reis.

Confronto X conflito

“O amor não é egoísta” 1 Coríntios 13:10

“Não podemos amar só por palavras, mas por atos e em verdade.” 1 João 3-18

“Os ouvidos que atendem a repreensão salutar, no meio dos sábios tem sua morada.”

Ouvimos estas palavras, lemos as mesmas na Bíblia Sagrada, nos atentamos as homilias dos padres sobre os temas citados, porém como realmente agimos diante da realidade e da rotina?

Este artigo propõe uma reflexão sobre a diferença entre confronto e conflito.

Recentemente assisti a um vídeo, onde o historiador Leandro Karnal debate este tema, e realmente há uma
diferença interessante, e que nem nos damos conta, e nem sutil ela é.

Trazendo as palavras dos versículos, encontramos amor e saber ouvir. Nesta questão cabe o conflito, que para Karnal, é desejável, pois é algo que mostra a diversidade humana. Não pensamos ou somos todos programados para agir ou pensar da mesma maneira, graças a Deus. Lembro-me do meu professor de filosofia na pós-graduação, que dizia: “em todo lugar que existirem mais de uma pessoa, haverá um conflito, se houver sabedoria haverá também aprendizado.” Deste modo,  quem discorda de mim não é meu inimigo, somente vê as coisas de outro modo, e tem o direito, assim como eu, de ser ouvido e respeitado. Isto sim é conflito, algo salutar, maduro e sábio. No conflito, há respeito ao pensamento alheio, empatia, tolerância, escuta e troca de ideias, não é pessoal e uma discussão de ideias.

Diferente do confronto que nasce da discordância (discórdia), é quando acho que tenho que enfrentar, simplesmente porque não pensam como eu. Então, imaturamente, tenho a tendência a “virar a cara” para a ideia do outro, ser inimigo, criar intrigas e calúnias. Muitas guerras e violências nascem do confronto. Enquanto, no conflito permito a escuta, aprendo e debato; no confonto, humilho o outro, parto para agressão (seja ela: física, verbal, psicológica, relacional, entre outras), desejos seu mal, ironizo suas ideias e em vários casos, como guerras e problemas familiares somos inflexíveis e arrogantes.

Quando olhamos para o outro com amor e sem egoísmo, ganhamos e damos ao outro a chance de crescer e somar, numa relação em que ambos tendem a crescer e acrescentar, para a comunidade, e consequentemente para a sociedade.

Agir em verdade nos coloca em ação diante do que somos convidados a praticar.

Ouvir com sabedoria a repreensão salutar nos permite autoconhecimento, maturidade e sabedoria, assim saberemos evitar os confrontos para, então permitir uma abertura para conflitos, que otimizem a convivência humana.

Lara Reis

Psicologa e pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional 

larinhapsi.1971@gmail.com